Tirando o cliché exaustivamente sempre falado de que, pagamos para nascer e pagamos para morrer, acho que entre essas duas dívidas inerentes a nós, a pior é a de que pagamos para viver. Se as duas dívidas inerente a nós mencionada fosse a pior parte, nós pagaríamos por alguma coisa apenas duas vezes no decorrer de toda nossa vida. Mas, e pagar para viver, quanto custa? Alguém já parou pra pensar. Tenho até minhas dúvidas sobre a possibilidade se fazer este cálculo, acreditando que esse seja incalculável.
Não sabemos quando vamos nascer, o quanto vamos viver, e quando iremos morrer, mas sabemos a partir de que criamos consciência e maturidade, que teremos que pagar por tudo do que precisarmos ao longo de nossas vidas.
Se temos acesso, assim como os animais, de todos os recursos naturais os quais precisamos para nos manter vivos, como e quando surgiu o costume do acúmulo de recursos naturais, e a ideia de detê-los para si, para que se pudesse ser trocado e mais adiante vendidos. Como nós permitimos que isso se tornasse possível.
Existem teóricos que insistem em dizer que nossa natureza é egoísta, e há outros que de defendem que o homem é bom de natureza, mas que a sociedade o corrompe. Fico com os primeiros teóricos. A sociedade é algo muito recente, para colocarmos a culpa nessa tão jovem sociedade. Se o homem fosse bom de natureza, e o homem é anterior a sociedade, então em que momento histórico ele se corrompeu.
Segundo os judeus, o que nos impede de manter uma conexão direta com o Criador, isto é, Deus, é exatamente o ego. Ego em latim é Eu, o que explica tudo. E o que confirma o que dizem os teóricos sobre nossa natureza egoísta. E, somos mesmo.
Dificilmente quando fazemos qualquer coisa que seja, mesmo que seja a coisa mais simplória, geralmente é pra nós mesmo que fazemos. Se compramos uma linda roupa, um carro, uma joia, etc, o motivo é nós mesmos. Se tivermos o desejo de ganhar na loteria, é para nós mesmo. O motivo maior sempre é, nós mesmos.
Mas, o que o ego e o egoísmo tem a ver com tudo isto, com essa dívida que temos durante a nossa vida? Tudo. Pois, se nossa natureza não fosse tão egoísta e tão apropriadora, poderíamos viver em comunidade, mas não essa ideia de comunidade que temos hoje, já deturpada. Mas, aquela ideia de comunidade trazida e defendida por Paulo de Tarso, mais ou menos similar à maneira como vivem os indígenas, só que ainda melhor.
Paulo traz uma ideia de comunidade extremamente Cristã, uma comunidade de partilha, sem líderes, sem posses, totalmente fraternal e isenta de qualquer tipo de escravidão.
Sendo assim, caso o modelo fosse seguido, todos os recursos e conhecimentos que "temos" hoje, seria partilhado. Não pagaríamos pela comida, pela bebida, pela casa, pelo carro, pela roupa, pelos serviços médicos, odontológicos, entre outros tantos que já sabemos quais são. E, provavelmente não precisaríamos vender nossa força de trabalho para alguém que nos explora e nos paga pouquíssimo pela tal exploração. Trabalharíamos para nós todos, em conjunto. Cada um faria aquilo que lhe coubesse fazer, para o bem comum, e não por uns trocados, que adiante acabam sendo trocado por coisas que precisamos (ou não) usar, e depois pagar novamente para usar até o fim de nossas vidas. O círculo vicioso só termina mesmo com a morte, não tem jeito.
E, afinal, quanto pagamos para viver? Pensando neste cálculo e em toda essa loucura, nós vivemos ou apenas sobrevivemos até onde pudermos pagar?